A cada vez que olho, repetidas vezes a mesma fita
Uma mensagem sempre fica, é difícil a manter
Gravada em meus olhos, não importa a tinta
Que eu use para pintar a vida, custoso de entender
É o fato que execuções publicas ocorrem
A qualquer hora, em qualquer momento em qualquer lugar
Cansado de ouvir falar sobre pessoas morrerem
A toda hora, todo momento, todo lugar, não há fuga
Viver é um sentimento de risco
Seguir é o receio de ser deixado
Sorrir é a sensação de abandonar
Algum amigo tragado que não consegue retornar
Sorria, sorria e deixe sorrir
Sorria, sorria e me deixa rir
Tire este peso das minhas costas
A liberdade é uma centelha
A reviver as velhas tochas
A iluminar as mesas postas
Nessa noite que se assemelha
Ao curto findar da vida
Deixando para trás as rochas
Que custam tanto a serem destruídas
A cada vez que eu me vejo me tornando alguém comum
Eu turvo a imagem no espelho, jogo uma pedra n’água
Eu altero o curso para onde o meu rio deságua
Cansado de ouvir sobre celebridade, cansado da honra
A efemeridade já não possui hora, e que a vida morra
Se a morte se tornar assim, um cômodo e mais nenhum
De nós soubermos quantos ainda nascem sem cérebro
Devido à nicotina, então o feto faz do útero um féretro
E flui até a foz envolvida numa atmosfera abortiva
E há quem diga “quem me dera ter nascido no lugar dessa alma inativa”
“Viva, viva e deixe viver”
“Viva, viva e me deixe morrer no seu lugar”
Saiba, saiba que você pôde escolher
Entre molhar os pés e lavar as mãos
Para salvar alguém ou se omitir
Se você não escolheu existir
E não consegue evitar se encolher
Entre tantos justos, tantos irmãos
Porque se sentir desgarrado do antro humano
Das furnas da sociedade desumana, mundana
Escravocrata, escavando o próprio ser ou não ser
A patente e o batente te fizeram se esquecer
Quem fica acima e quem fica abaixo
Que dá as ordens e quem abaixa o facho
Eu sei que você acabou se sentindo preso
Eu também imaginei que havia algo certo
A se fazer! Mas essa é a lógica, e o preço
Apenas conhece a ti mesmo, e sede
O que tiver de ser, não há excertos
Há apenas o que disseram sobre isso
Com certeza não te disseram nada que, você há de convir
Nada que os segregados precisem te fazer ouvir
Apenas olha teu reflexo, faz aquilo que não te envergonha
A liberdade não está em se vestir, nem se despir
Está em viver, sem limites para viver
Sem escolhas para escolher não há lugar para onde ir
Sem a possibilidade de se perder, não há razão para sair
Porque nós não saímos juntos qualquer hora, então?
Porque não nos metemos por entre essas filas
E cortamos ao meio os gomos e as ilhas
Dessas pessoas tão distantes, à milhas e milhas?
Porque não nos perdermos dentro de nós mesmos?
E nós dois jamais conseguiremos
Libertar nossos pensamentos
De dentro de cada um
Para sempre seremos
O carcereiro que mantém o ser amado
Dentro do paraíso dos nossos peitos
obs: Realmente há um caso de intertextualidade aqui.
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