domingo, 17 de agosto de 2008

VÍCIO

(R Safardan, Renato X)

Eles construíam estruturas chamas zigurates,

Que serviam tanto de armazéns quanto templos

E eles tinham seu próprio exercício de religiosidade

Mas é distante do nosso, pertence a outros tempos


-Ei, interessante né, acreditar que no fim a alma desaparece!

-Não me vem com essa cara... Isso só serve pra me desencorajar

Não os entendo. Todos precisam de algo a que se agarrar

-Por isso que povos antigos como esse despertam interesse


-Isso tudo é papo furado...Num me interesso mais por coisa à toa não

-Mas é que isso te faz pensar no que as pessoas fazem

-Pensar dói ..O que com isso elas constroem?

-Cara, então... Por acaso você não pensa, ave!


-As divindades do hoje são a única motivação

E as divindades de ontem eram destruição

-Tou achando que dá no mesmo... Afinal o que eh o caos senão morte e vida, destruição e motivação?


-Acho que eu entendo... O que é que afinal eu tenho que os sumérios não tinham?


-Medo?


-Tédio.


-Posso beber água professor?

-Espera um pouco, pow

-O que foi, qual é a dúvida?

-Hum... Tá. Quer dizer... Não é nada.


Reduzir toda a existência a nada... A curiosidade de saber sobre o alem é angustiante

-Imagino como as pessoas lidam com isso rotineiramente

-Discuto esse assunto com minha faca de estimação...

-Ei, não precisa falar com pessoas tão perigosas não


Não é só porque te falta um consolo, afinal, né?

-Talvez seja... Mas acabou o café

Pra me manter acordado enquanto eu preciso

-É, tem que tá ligado nessa vida difícil


-É... Acho que é bom eu alimentar meu vício...

-É, se viciar em alguma coisa, não fazer só isso

Que a gente é obrigado a fazer, é um desperdício

-Tá então...Jogo minha faca no lixo... Afinal todo fim eh um início...

Um comentário:

Ísis disse...
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