segunda-feira, 24 de novembro de 2008

OUT OF THE DARK

Take the turns, take the time
Take the reap, take the dime
I see no other ending in front
Of the bleeding never fading
Face of mine

So they spurn, so they fight
What's their cause, what's their plight
I see we are all forced to confront
All the methods once forged
To lead us to light

Ways of life now being enlightened
Childish cries now being heard
Nothing seems so protected
Behind the walls there is a hurt
The bricks are the skin now raised
Around the cities now wasted
Everything themselves state
How democracy never existed

Women driven to humility
Given under circumstances
Trying to maintain their heads
Looking forward though they're dead
Working hard, surpassing
Trying to avoid depression
How could I let myself be
So indulgent, now I see

With a blind eye that I deserve
I'm sinking fast, letting go
This illness has taken over
Now I just don't wanna show
What can we do in this frailty
Do anything for our lives
With our rights secured and guaranteed
But we survive

Like there was nothing working for us

I see them, I see end
I see you, know my friend
I'd like to share the knowledge
The world have tried
To mystify

I know it, I paint it
The colour I hate
But this feeling is a pledge
The government has entwined
Throughout mankind

Ways of life now being enlightened...,

What a stupid way to face
The new world order imposed
American way is now displaced
When insurgency is disclosed
Among the nations of the world
A vital spirit lurks and soars
Every being unload their backs
Break the chains, break the curse

With a blind eye that we designed
We watch the future through the signs
How dared us to let it all
Flow downstream into demise
The ones who try to change the setting
Are beheaded or are beheaders
Now it's clear on the kind of system
We have got to base our demands

There was nothing working for us

Now I see...

domingo, 9 de novembro de 2008

ASSIMILATION

The vanity and impurity are purely shown
Relentlessly and motionlessly have gone
The inconstancy, the moaning winds and stones
The sands of the shore are now the driest ones

Charity has moved farther away
For so long companies have strayed
The vivid rays of light are now sepia
White snow withdrawn to grayscale winter

The wizardry, knowledge, chemistry
Have lost magic, tenderness, mystery
Bitterness, sorrow, rage, don’t exist
But nostalgia of early life still insists

The tide of the time is slowing and freezing
Just like the atmosphere never breezing
Suffocating, denigrating, melting
What was fighting now is yielding

ABOUT TO COLLAPSE

Another time, another tale
Another life, another fail

Now come the shots to overwhelm our shields
Now come the lords to overcome our fields

On wars we’re torn apart and reborn
From what we are
Onslaught in forms that fill the books
We can’t even look
At them

For what do we march on to this
Is it weakness?
Been taught were we, no running
Still we’re singing
Anthems

Like mantras for frail
Pavement for trails
Never correct?

I know now that the love I have
Could be a certificate of death
In really pessimist hands
I’m eager to live without chains
I ought to leave all your vain
And really narcissist trends

Going to get old, dry and foretold
About all the anguish in this world
Nothing will stop, nothing relieves
I’ll just get myself to deceive
All in my mind, all my desire
My dreams are tied to steel wire

In my own universe, locked in my head
Cities engulfed in fire and warfare
Nothing coexists, everything diminish
In front of destructions that extinguish
My various personalities confronting
Earthquake, storms, themselves, all things

Another light, another pale
White veil to mask the jail

We put ourselves in, just to feel free again
When we just break in, just to be confined again

For what do we live again?
We die in our arms
No matter what, breathing
We keep alive
Why, then?

For what do we keep in this
My reasoning
Is still broken, like it’s
Trying
To stem…

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

ANEDONIA

Olho para o jantar e já não o quero mais
A risada alta à noite já não me satisfaz
Barulho de pneu de carro fazendo curva
Deixando na cabeça a imagem turva
Já não parece tão concreto quanto o preto
Úmido do asfalto, o calor do atrito

O tempo retardado, denso, o espaço esticado, vazio
As nuvens de algodão, os fios de polímeros, vácuo
Entre cada gotícula de luz e mesmo por dentro

O que eu quero é o desejo de querer
O que eu quero é querer desejar
O que eu desejo é o alívio de ser
Aquilo que a vida faz com que eu seja

O que acontece quando eu piso numa folha
O que acontece quando estouro uma bolha
Quando então a remexo a brasa na fornalha
E uma centelha escapa por entre as falhas

Das telas da vida, bordadas
Misteriosas linhas cruzadas
E raios de luz passam por dentro

O que fazer da comida no prato?
Que fazer então das roupas no quarto?
Onde deitar a vista, sob lençóis vermelhos
O algodão se queima, eu vejo no espelho

Me encarando desse jeito
Enfrentando a dor no peito
Mas que dor insípida!

O que dizer dos rostos no escuro?
O que dizer dos ventos no claro?
O que dizer da existência enrubescida
Numa tarde enferrujada de tão conhecida

Me esquecendo desse jeito
Ignorando a dor no peito
Mas que dor sem vida!

O que será alegria em eras tão vazias
Uma espada enterrada nas entranhas da batalha
A pegada na face da lua, só mais uma falha
Um cravo na face, entre tantas centenas jazia
Num único crivo dessa existência, meu próprio corpo
E o frio que fazia me converteu no mais escuro escopo
Sob o qual se observa o negro vácuo infinito

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

PÓ BRANCO

Olhando para o plano branco vazio
Enrolado em linhas negras traçadas
Me equilibrando no meio fio
De cada entrelinha usada

As mensagens lidas em voz alta
Tantas vozes na minha cabeça
Exprimindo raiva e revolta
Esperando que aconteça

Uma verdadeira desgraça
Esperando que eu desapareça
Mas estou perdendo o fio da meada
Simplesmente não consigo ler nada

Minha vista está cansada
Meus remédios na despensa
Minha vida escancarada
Minha família rica e tensa

Esparadrapos para esconder feridas negras
Um embrulho no estômago, dor no peito
O que há comigo, o que quer que eu tenha feito
Os meus inimigos não jogam pelas regras

Assim como eu, e o branco escurece a vista...
Nenhum horizonte mais se avista
Vendi minha alma à vista
O branco me escureceu a vista

O branco me escureceu, o escuro na lista
De palavras, de mortes, aos montes, listas
Que perdi, que calma, alistam-se
As vidas de quem morreu, listas

De cartas, de famílias de soldados
Fartas mesas para muitos convidados
Todos os mendigos estão separados
Por um muro na moral da sociedade

Como era e como sempre foi esperado
Ninguém como eu manteve a integridade
Ninguém como nós manteve a sanidade
Quantas cartas ainda faltam serem entregues?

E quem é que segue as regras nos dias de hoje?
Quem ainda pensa que é correto continuar
Tudo do jeito que está, como apenas andar
Numa calçada de concreto e suor, que foge

Do que é concreto, aqueles que a fizeram
Não são os mesmos que a utilizaram
Aqueles que a quiseram, não são os mesmos
Que nela andaram, nem os que nela dormem

Nem os que nela dormem...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

SEM LIMITES PARA VIVER

A cada vez que olho, repetidas vezes a mesma fita
Uma mensagem sempre fica, é difícil a manter
Gravada em meus olhos, não importa a tinta
Que eu use para pintar a vida, custoso de entender
É o fato que execuções publicas ocorrem
A qualquer hora, em qualquer momento em qualquer lugar
Cansado de ouvir falar sobre pessoas morrerem
A toda hora, todo momento, todo lugar, não há fuga
Viver é um sentimento de risco
Seguir é o receio de ser deixado
Sorrir é a sensação de abandonar
Algum amigo tragado que não consegue retornar

Sorria, sorria e deixe sorrir
Sorria, sorria e me deixa rir
Tire este peso das minhas costas
A liberdade é uma centelha
A reviver as velhas tochas
A iluminar as mesas postas
Nessa noite que se assemelha
Ao curto findar da vida
Deixando para trás as rochas
Que custam tanto a serem destruídas

A cada vez que eu me vejo me tornando alguém comum
Eu turvo a imagem no espelho, jogo uma pedra n’água
Eu altero o curso para onde o meu rio deságua
Cansado de ouvir sobre celebridade, cansado da honra
A efemeridade já não possui hora, e que a vida morra
Se a morte se tornar assim, um cômodo e mais nenhum
De nós soubermos quantos ainda nascem sem cérebro
Devido à nicotina, então o feto faz do útero um féretro
E flui até a foz envolvida numa atmosfera abortiva
E há quem diga “quem me dera ter nascido no lugar dessa alma inativa”

“Viva, viva e deixe viver”
“Viva, viva e me deixe morrer no seu lugar”
Saiba, saiba que você pôde escolher
Entre molhar os pés e lavar as mãos
Para salvar alguém ou se omitir
Se você não escolheu existir
E não consegue evitar se encolher
Entre tantos justos, tantos irmãos
Porque se sentir desgarrado do antro humano
Das furnas da sociedade desumana, mundana

Escravocrata, escavando o próprio ser ou não ser
A patente e o batente te fizeram se esquecer
Quem fica acima e quem fica abaixo
Que dá as ordens e quem abaixa o facho
Eu sei que você acabou se sentindo preso
Eu também imaginei que havia algo certo
A se fazer! Mas essa é a lógica, e o preço
Apenas conhece a ti mesmo, e sede
O que tiver de ser, não há excertos
Há apenas o que disseram sobre isso
Com certeza não te disseram nada que, você há de convir
Nada que os segregados precisem te fazer ouvir

Apenas olha teu reflexo, faz aquilo que não te envergonha
A liberdade não está em se vestir, nem se despir
Está em viver, sem limites para viver

Sem escolhas para escolher não há lugar para onde ir
Sem a possibilidade de se perder, não há razão para sair

Porque nós não saímos juntos qualquer hora, então?

Porque não nos metemos por entre essas filas
E cortamos ao meio os gomos e as ilhas
Dessas pessoas tão distantes, à milhas e milhas?
Porque não nos perdermos dentro de nós mesmos?
E nós dois jamais conseguiremos
Libertar nossos pensamentos
De dentro de cada um
Para sempre seremos
O carcereiro que mantém o ser amado
Dentro do paraíso dos nossos peitos

obs: Realmente há um caso de intertextualidade aqui.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Pausa pro café

Um dia normal
Fumaça , sangue,suor em meio ao carnaval
Um dia normal
Mais escravos na colônia, e uma batalha naval
Um dia normal
Velhinhos sentam na praça e relêem o jornal
Um dia normal
O sol se foi e a lua chegou afinal

Um dia normal, como um outro qualquer
Ou qualquer outra besteira
Ou um amor a uma mulher
Um dia normal, um fato qualquer
Qualquer que seja a estação
Esteja como estiver

Num dia normal
Se dá comida aos pombos e anda-se entre os escombros
Num dia normal
Se dorme e se acorda, tudo sempre é igual
Num dia normal
Se mata se morre,se abusa da sorte
Num dia normal
Crianças morrem de fome, é outro dia afinal

Um dia normal como um outro qualquer
Ou qualquer outra besteira
Ou amar a uma mulher
Um dia normal, um fato qualquer
Qualquer outra situação
Em outro dia qualquer.

Quarto número 13

Manda noticias do lado de lá
Mas fala pra mim e pra mais ninguém
Aqui as paredes escutam
E me fazem pensar que as pessoas também

Trancafiado nesse quarto escuro
Não ouço vozes ou sussurros do além...
Não vejo,não sinto,não cheiro...
Mas finjo que o faço porque me convém

E tropeçando em dragões e lagartos
Regando as plantas que ainda podem vingar
Vou tateando pelo quarto escuro
À procura da porta que não hei de encontrar

Vê se me escreve, mas não me telefona
No telefone te ouvem muito bem
Não tem problema se eu não conseguir ler...
Se eu não posso, eles não podem também

E aqui no quarto tá ficando apertado
Todos distantes mesmo estando lado –a –lado
Cuidando do quarto com o maior prazer
E engolindo esse papo furado

Vou tropeçando em monumentos baratos
Desafinando quebrando o compasso
Da melodia que ecoa no espaço
E não me deixa achar a porta do quarto
E não me deixa achar a porta do quarto!

A chave por favor.......

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

SIMULTANEIDADE

Nossos dias que agora não voltam
Balas perdidas que não assustam
Mais
A chance de ter vivido retorna
De outra forma, feito águas mornas
Quais
Vapores aquecem, acariciam-nos
Nos imergem em sonhos tão noturnos
Tais
Quais lagos escuros congelados
Que são astralmente visitados

Em suas escuridões envolventes eu me esqueço
E permito a mim mesmo me abraçar, conheço
Enfim, o calor do meu próprio corpo, perdido
Nessa enorme poça de lágrimas, tem sido

Muito bom me confortar em mim mesmo nesse oceano de prantos internos, atar os laços comigo, consigo me achar

Num raio de milhas e milhas, bem no meio
Da minha íris, assim me permeio
De facas
Nove milhões, novecentos milhões
Pulverizado, e em poucas razões
Tão fracas
Eu me apóio para levantar
Assim prosseguir, seguir as
Estacas
Pontilhando trilhas difíceis
Com problemas irresolvíveis

Em busca do sono eu viajo à noite até as profundezas dos lagos congelados
Em suas escuridões... (...)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

FREAR

(Renato)

Já não estou mais perto de casa
Eu não sei nem onde estava
Há anos
Coisas que eu não lembrava
Esqueci que ainda queria usar
Há tempos

Correndo por aí desenfreado em pensamentos
Não há tempo para relaxar
Enquanto as nuvens continuarem se movendo
Não há tempo nesse lugar
Não há alimento para a alma sedenta
Por um meio de simplesmente parar

Feito trem em rota de colisão
Automóvel na contramão
Sem qualquer freio
A hora e a direção
Invertidos na confusão
Em meus devaneios

Às duas da manhã eu surfo à dez mil quilômetros de altura
Às duas da tarde eu pulo de prédio em prédio pelas ruas
Às sete da noite eu termino outra volta ao mundo
Mas eu estou tonto a falar porque não percebi
Que sequer me levantei, estive só sentado
Nunca estive por aí, será que enlouqueci?

Porque quanto mais eu me vejo, mais eu caio
Num poço de desejos, sem fundo, num raio
Do diâmetro da terra, no âmago da terra
No estômago da terra, agora me encerra
A escuridão do vácuo, no meio, no átrio
No núcleo, num vacúolo vazio

Dos meus olhos, da minha memória
Da minha história, eu não molho
Minhas mãos nem as ponho no fogo
Pra rever, como eu sou um estorvo
Um vulto a remexer a mim mesmo
Que jogo, um corvo negro à esmo
A voar, eu perco, perco mesmo, fecho
Meu rosto em minhas mãos, a vergonha
De derramar lágrimas de arrependimento
Por não conseguir parar...

Todos os laços que eu criei
Foram amarrados sem cuidado
Foram costurados sem ninguém
Para me alertar dos machucados
E agora eu já dei tantos nós
Que amarrei meu pescoço sem nem perceber
E agora que estamos sós
Você me puxa com força sem sequer saber
O quanto eu estou preso, o quanto eu deixei para trás
Abandonei-os, force meu pescoço um pouco mais
Na corrida que eu mesmo inventei realmente faz
Décadas que eu perdi para mim, mas que mordaz
Que sagaz, que feroz, que atroz, que voraz

Eu não consegui segurar meu sarcasmo
Não consegui proteger meu ponto fraco
E se agora falo calmo é porque quase morri
Não sirvo nem de alvo, não me faça rir
Porque eu só sei correr, não sei parar
Pra perguntar como vai você
O que eu fiz não vou esperar
Vingança nenhuma para morrer
Quando encontrar o primeiro abismo
Eu vou despencar como sempre faço
Às duas da manhã

No turbilhão sangrento esvoaçante
Respingando através das minhas lentes
Oculares eu vejo tanto sangue
Em minha mente, é indecente
É num instante, eu vejo gente
Morta, viva, em pedaços, tente
Me contradizer, minha mente mente
Para mim, em qualquer lugar
Não posso mais ficar aqui
Por favor, eu preciso ir
Eu tenho que fugir
Não agüento mais ver isso
Não agüento mais imaginar
Eu não posso me controlar
E fazer isso desaparecer
Então eu só tenho que sumir

Correndo por aí desenfreado em pensamentos (...),

Frear! Frear! Parar!
Aqui e agora
Existir fora
Da minha cabeça
Não controlo as minhas pernas
Que pena, preciso dar adeus
O abismo em minha frente
Na estrada infinita
Inflando as terras ermas
Aonde sempre mirei, sempre
É meu... desejo.. deixar
De correr... e finalmente
Poderei...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

MAKAI

Sentado no divã como qualquer dia
Eu escarro todos os meus problemas
Procurando na paisagem da janela
A oposição aos meus dilemas
E quanto mais afogado me vejo
Na densidade do meu mundo
De uma atmosfera pesada
Profundo pesar e desespero

Já foram achados, desenterrados
Vestígios fósseis deprimidos
Em estratos fecundos de terra
Pela janela eu pulo
Profundo salto, alto mergulho
Na areia movediça
É assim a gente erra
E nem sempre alguém avisa

Restos mortais de um mundo depressado
Desmistificados pelo meu medo
Não adianta ficar me enganando que
A chuva sempre lava a areia aqui
Onde joguei meu passado tão sujo
Não adianta jogar mais terra por cima
E cavar de novo esse buraco cujo
Vão será preenchido por mim acima – de tudo

Já foram achados, desenterrados
Vestígios fósseis deprimidos
Em estratos fecundos de terra
Pela janela eu pulo
Profundo salto, alto mergulho
Na areia movediça
É assim a gente erra
E nem sempre alguém avisa

Quis sempre ter tido a chance de visitar esse lugar
Nos poços de minha mente, no fundo dos quais
Eu me mantenho a escavar
Pudera eu mergulhar na rocha negra onde já não
Há sequer uma gota de água ou lágrima mais
Eu me contento em esperar
A chance de o rei desse mundo de onde eu vim
Me trazer do núcleo do meu planeta uns pingos
Líquidos a fim de refrescar a minha sede
Preencher todos os vincos da minha mente

Respostas, alguma razão, para explicar a exposta fossilização dessa loucura

domingo, 17 de agosto de 2008

VÍCIO

(R Safardan, Renato X)

Eles construíam estruturas chamas zigurates,

Que serviam tanto de armazéns quanto templos

E eles tinham seu próprio exercício de religiosidade

Mas é distante do nosso, pertence a outros tempos


-Ei, interessante né, acreditar que no fim a alma desaparece!

-Não me vem com essa cara... Isso só serve pra me desencorajar

Não os entendo. Todos precisam de algo a que se agarrar

-Por isso que povos antigos como esse despertam interesse


-Isso tudo é papo furado...Num me interesso mais por coisa à toa não

-Mas é que isso te faz pensar no que as pessoas fazem

-Pensar dói ..O que com isso elas constroem?

-Cara, então... Por acaso você não pensa, ave!


-As divindades do hoje são a única motivação

E as divindades de ontem eram destruição

-Tou achando que dá no mesmo... Afinal o que eh o caos senão morte e vida, destruição e motivação?


-Acho que eu entendo... O que é que afinal eu tenho que os sumérios não tinham?


-Medo?


-Tédio.


-Posso beber água professor?

-Espera um pouco, pow

-O que foi, qual é a dúvida?

-Hum... Tá. Quer dizer... Não é nada.


Reduzir toda a existência a nada... A curiosidade de saber sobre o alem é angustiante

-Imagino como as pessoas lidam com isso rotineiramente

-Discuto esse assunto com minha faca de estimação...

-Ei, não precisa falar com pessoas tão perigosas não


Não é só porque te falta um consolo, afinal, né?

-Talvez seja... Mas acabou o café

Pra me manter acordado enquanto eu preciso

-É, tem que tá ligado nessa vida difícil


-É... Acho que é bom eu alimentar meu vício...

-É, se viciar em alguma coisa, não fazer só isso

Que a gente é obrigado a fazer, é um desperdício

-Tá então...Jogo minha faca no lixo... Afinal todo fim eh um início...

sábado, 16 de agosto de 2008

BATATAS

(Raimar, Renato)

Em todas as partes os vestígios da prisão
Eles me tiram das grades
E me deixam preso ao chão
Com o peso da existência
Eles me mantém na solitária
Dentro da minha cabeça
Fora da penitenciária
Comigo os sons dos meus passos...Acima de mim o céu
Azuis e tenros traços que eu nunca arranharei
No mar viajam os meus sonhos num barco de papel
Mas foram amassados por tudo que eu errei
E não há ninguém pra consertar
Minha vida agora é esperar
Pelo momento em que afundarei

Fadado a viver como um simples operário
Ajudando a manter o mundo funcionando
Sem fazer nada de grandioso jamais
Como uma pedra que ninguém vai
Saber que existiu e rolou por aí

E ainda pensam que as pessoas estão aí
Que as pessoas ligam pra gente assim
Que já arrastou uma bola de ferro
Parece que o destino é cego
E não me vê, mas eu estou aqui.

Eu estou aqui... A esperar... O tecelão fiar
Tecer o amanhecer que pra mim naum vai chegar
Sou um fio solto nessa estrada
Sou um buraco nessa roupa
Todo mundo foi pra guerra e não me chamou
Sou um desertor sem nenhuma escolha
Das telhas o caco... Do filme o figurante
Não tenho nenhuma chance de estrear
Os papéis já foram dados
Só me resta o meu lugar
Sou uma rese cujo pastor tem a voz rouca
Sou uma prece evocada em voz frouxa
Frouxa como a corda em meu pescoço
Seria o rei do universo dentro de uma casca de noz
Mas o pastor me deu a voz de liberdade
Agora eu posso correr à vontade preso do lado de fora

Aos vencedores as batatas
Mas eu fico só com as cascas
Todo mundo pega a polpa
E eu nunca me vangloriarei
De ter comido batata frita
O que seria do suflê sem as batatas?
Mas esse é o suflê da minha vida
Engolirei apenas isso todo dia